Pela primeira vez uma pesquisa mostra que aprovação do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ficou menor que os índices de desaprovação, desde o início da atual administração em janeiro de 2023. Os fatores mostrados nos percentuais divulgados pela pesquisa Genial/Quaest, nesta segunda-feira (27), são vários, mas residem, em sua maioria, nos erros da gestão do petista, que, nos últimos meses, acumulou equívocos como não saber se livrar de uma desinformação (fake News).
Esta situação conseguiu levar as pessoas a acreditarem que as operações com PIX, um sucesso entre os brasileiros, seria taxada, depois que foi ampliada a análise dos valores pela Receita Federal: acima de R$ 5 mil para as pessoas físicas e R$ 15 mil para as pessoas jurídicas. Às tropeçadas para tentar mudar a percepção, diante de uma avalanche de desinformação, juntam-se a alta do dólar, com investidores receosos de que o governo Lula não conseguiria resolver a questão do déficit das contas públicas, seguida das ameaças do presidente Donald Trump, dos Estados Unidos. O novo presidente disse que taxaria os produtos brasileiros, caso os BRICs (Grupo formado por Brasil, Rússia, Índia e África do Sul, mais outras nações convidas) levem adiante a ideia de criar uma moeda alternativa ao dólar para as exportações mundiais.
Lula tem com o que se preocupar, em 2025, porque não terá vida fácil no Congresso. Mas acabar com o desgaste da inflação e tentar baixar os preços dos alimentos junto aos produtores e supermercadistas não constitui em uma tarefa tranquila e que ganhe o apoio compulsório dos setores atacadistas, varejistas e dos produtores rurais.
A sinuca de bico do Planalto se cristaliza no pensamento de muitos assessores de que Lula ainda tem o mesmo carisma e as situações confortáveis da economia global, como nos idos de 2003 a 2010. Erram somente em criticar atos da oposição, que tem o papel de contraditório à atual gestão federal, sem avaliar que as maiores falhas são internas, ajudadas por uma conjuntura mundial complicada, hostil. Tanto que sequer a atual forte recuperação econômica, composta por aumento de postos no mercado de trabalho e pelo aumento no movimento econômico, modifica a aprovação sobre o governo Lula.
Maiores quedas foram no Sul e no Nordeste
Segundo a pesquisa Genial/Quaest, a aprovação do governo Lula caiu nas regiões Nordeste e Sul. A região Nordeste, reduto tradicional do presidente, mantém apoio mais forte, mesmo assim apresentou um recuo de sete pontos porcentuais em relação ao último levantamento. A região Sul também registrou uma queda de sete pontos, marcando os piores resultados para a gestão.
No Nordeste, a taxa de aprovação do governo caiu de 67% em dezembro de 2024 para 60% em janeiro deste ano, enquanto a desaprovação subiu de 32% para 37%. A parcela de entrevistados que não soube ou preferiu não responder passou de 1% para 4%.
Já no Sul, o índice de aprovação passou de 46% em dezembro para 39% agora, enquanto a desaprovação cresceu de 52% para 59%. A quantidade de pessoas que não opinaram permaneceu estável, em 2%.
O levantamento ouviu 4.500 pessoas presencialmente entre os dias 23 e 26 de janeiro, após a “crise do Pix”. A margem de erro é de um ponto porcentual, e o nível de confiança da pesquisa é de 95%.
No Sudeste, uma leve queda
No Sudeste, a aprovação passou de 44% para 42%, enquanto a desaprovação se manteve em 53%. Já no Centro-Oeste e Norte, os índices praticamente não mudaram: a aprovação ficou em 48%, e a desaprovação passou de 50% para 49%.
Os resultados gerais mostram uma queda de cinco pontos porcentuais na aprovação do governo, que agora é de 47%, enquanto a desaprovação subiu para 49%. É a primeira vez na série histórica do levantamento que a avaliação negativa supera a opinião positiva.
Veja os resultados da pesquisa por região:
Nordeste
Aprova: 60% (eram 67% em dezembro de 2024)
Desaprova: 37% (32% eram em dezembro de 2024)
Não sabe/Não respondeu: 4% (era 1% em dezembro de 2024)
Sudeste
Aprova: 42% (eram 44% em dezembro de 2024)
Desaprova: 53% (eram 53% em dezembro de 2024)
Não sabe/Não respondeu: 5% (eram 3% em dezembro de 2024)
Sul
Aprova: 39% (eram 46% em dezembro de 2024)
Desaprova: 59% (eram 52% em dezembro de 2024)
Não sabe/Não respondeu: 2% (eram 2% em dezembro de 2024)
Centro-Oeste/Norte
Aprova: 48% (eram 48% em dezembro de 2024)
Desaprova: 49% (eram 50% em dezembro de 2024)
Não sabe/Não respondeu: 3% (eram 2% em dezembro de 2024)
Fonte:SCC10