Invasões e ordem para chacina: os detalhes da onda de ataques violentos em Florianópolis
Por Administrador
Publicado em 21/03/2025 06:40
Segurança

Tentativas de invasões a comunidades e ordem para chacina. Estes são só alguns dos detalhes da investigação que apura os ataques violentos que ocorreram em Florianópolis e região em outubro de 2024. Nesta quinta-feira (20), a Polícia Civil prendeu, durante a Operação Tolerância Zero, ao menos nove pessoas que tiveram participação no crime. Entre os detidos, estão as principais lideranças de uma facção criminosa.

 

 

 

Apesar do ataque ter ocorrido em 19 de outubro — dia que a Capital recebia o ex-beatle Paul McCartney para uma apresentação —, o grupo já estava na mira da polícia dias antes. Isto porque os suspeitos já tinham tentado outras duas vezes invadir a Comunidade do Papaquara, localizada região do Norte da Ilha.

 

A terceira tentativa ocorreu em 19 de outubro, quando dez integrantes de uma organização criminosa fortemente armados foram até o local. A ordem, segundo a Polícia Civil, era para que se “promovesse uma chacina”, com a morte de “quem estivesse pela frente”.

 

— Eles foram com bastante munição, bastante armamento pesado, no intuito de realmente promover uma chacina ali. Só que, felizmente, as forças de segurança estavam atentas, e a Polícia Militar fez uma intervenção imediata, que impediu um mal maior — disse o delegado Antônio Claudio Joca, da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (DRACO)

 

Para diminuir a presença da polícia na região durante a ação, a cúpula da facção criminosa determinou a prática de diversos atos violentos na região da Grande Florianópolis. Os criminosos, então, fecharam momentaneamente as vias públicas com a queima de veículos e ataques a tiros contra as forças de segurança. Ao todo, foram pelo menos 16 ataques realizados naquele dia. Na época, 19 pessoas foram presas em flagrante por participação no ato.

 

Desde então, a polícia passou a investigar outros detalhes que levaram aos atentados, o que desencadeou a operação desta quinta-feira. O objetivo era identificar todos os integrantes do grupo, além das lideranças da facção que atuaram direta ou indiretamente nos ataques. Das nove pessoas presas, três também foram detidas em flagrante por crimes de associação criminosa, associação ao tráfico e porte ilegal de arma. Um dos envolvidos, inclusive, estava no sistema prisional. Um suspeito segue foragido.

 

Também foram cumpridos 28 mandados de busca e apreensão, com o recolhimento de armas, dois veículos de luxo, telefones e computadores. A ação mobilizou 150 policiais civis nos municípios de Florianópolis, São José, Palhoça e Biguaçu.

 

Outras 18 prisões já haviam sido feitas pela Polícia Militar e por Guardas Municipais. Com isso, 27 pessoas foram presas desde o início das investigações, com participação direta ou indireta.

 

Ainda de acordo com a polícia, todos os indivíduos representam perigo para a sociedade, com passagens policiais e suspeita de participação em outros crimes, como roubos na região de Palhoça.

 

O trabalho de investigação da DRACO/DEIC deve continuar em outras fases da Operação Tolerância Zero. O prazo é que o inquérito seja concluído em até 30 dias.

 

— Nem encaramos [os ataques] como um atentado, como foi nos outros anos. Aquilo ali foi um ato pontual, em razão da necessidade de fuga deles do mato. Então eles viram como saída fechar vias públicas ali e queimar veículos. Mas da mesma forma, praticando esses atos violentos, a gente vai focar em cima deles com toda a nossa energia para prender todos os envolvidos — destacou o delegado Joca.

 

Relembre o caso

Uma guerra entre facções deu início a uma série de ataques criminosos em diversos pontos de Florianópolis e região no dia 19 de outubro. Dois dias antes, uma das organizações teria tentado invadir a Comunidade do Papaquara, no Norte da Ilha, o que resultou em confronto e ação da polícia no local.

 

Como uma espécie de resposta ao ato, foram feitas ao menos 16 barricadas, incluindo um ônibus que foi incendiado em São José, no mesmo dia em que a capital catarinense se preparava para receber o show do ex-beatle Paul McCartney. A Via Expressa, na entrada da cidade, e a Avenida Mauro Ramos, no Centro da capital, foram algumas das vias bloqueadas com pneus incendiados e barricadas.

 

A BR-101 foi interditada em Tijucas com incêndios a veículos, o que resultou em um bloqueio de uma hora e meia e longas filas na rodovia. Foram presas 19 pessoas em flagrante, que podem responder por participação em organização criminosa, incêndio criminoso e tráfico de drogas. Um dos envolvidos foi morto em confronto com a polícia.

 

Fonte:NSC

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