Com a chegada da segunda quinzena de abril, cresce a dúvida: o frio vai aparecer mais cedo neste ano? No Sul do Brasil, onde as temperaturas costumam cair bastante, essa é uma pergunta frequente. A resposta passa por dois conceitos diferentes de inverno: o meteorológico e o astronômico.
O inverno meteorológico começa em 1º de junho e termina no fim de agosto. Essa definição é usada por meteorologistas porque facilita estudos e comparações de dados ao longo dos anos, já que divide o ano em trimestres fixos. Já o inverno astronômico, que leva em conta o movimento da Terra ao redor do Sol, começa em 2025 às 23h42 do dia 20 de junho, com o solstício.
Na prática, o conceito meteorológico costuma refletir melhor a realidade do clima. Em muitos anos, o frio mais forte já aparece antes do solstício. O histórico climático do Sul do Brasil mostra que algumas das menores temperaturas do ano ocorrem ainda nos primeiros 20 dias de junho, tecnicamente em pleno outono pelo calendário astronômico, mas já no inverno pela climatologia.
Frio fora de época já aconteceu — e com força
O outono já trouxe episódios de frio extremo no Brasil em outros anos. Em abril de 1999, por exemplo, nevou nas áreas mais altas do Sul. Mais recentemente, em 19 de abril de 2023, também houve registro de neve no Planalto Sul Catarinense, marcando o segundo episódio mais precoce do tipo no país.
Outro caso marcante foi em maio de 2022, quando uma grande massa de ar polar, impulsionada pelo ciclone Yakecan, provocou frio intenso em várias regiões. Gama, no Distrito Federal, registrou 1,4°C, a menor mínima desde 1963. Em São Paulo, foi a menor temperatura para o mês desde 1990. Goiânia e outras cidades do Centro-Oeste também anotaram mínimas que não eram vistas desde 1977. Curiosamente, muitas dessas cidades não registraram temperaturas tão baixas nem mesmo no inverno daquele ano.
E em 2025, o que esperar?
A previsão para este ano ainda é incerta. O Oceano Pacífico Equatorial se encontra em uma fase neutra, ou seja, sem os efeitos dos fenômenos El Niño ou La Niña, que costumam ter impacto direto no clima global. Essa condição aumenta a importância de outros fatores de curto prazo.
Um dos mais relevantes é a Oscilação Antártica (AAO), que influencia diretamente na chegada de massas de ar frio ao Brasil. Quando essa oscilação está em fase negativa, o cinturão de ventos ao redor da Antártida enfraquece e permite que o ar polar avance para latitudes mais ao norte, aumentando a chance de frio intenso e até formação de ciclones.
Porém, essa oscilação só é previsível com algum grau de confiança em janelas curtas, geralmente de até 15 dias. Isso significa que mudanças no clima podem acontecer de forma rápida e com pouco aviso.
O frio pode chegar antes?
Ainda não é possível afirmar com certeza se o frio virá antes do previsto neste ano. Mas, com base em anos anteriores e nas condições atuais, é possível que massas de ar polar comecem a influenciar o clima no Sul do Brasil já nas próximas semanas.
Fonte:SCC10