Willian S. é britânico,vive há três anos e meio em Florianópolis e não sabe se a capital catarinense, tão badalada sobre sua qualidade de vida, é a melhor opção para a família dele crescer. O sentimento do estrangeiro ocorre após ter a sua casa invadida por um marginal há uma semana, nas proximidades do Largo Benjamin Constant, área nobre e valorizada do Centro.
Willian estava em casa sozinho com um bebê de sete meses e uma filha de onze anos no momento em que o bandido entrou.
— Por sorte, o invasor deu de cara com o nosso cão adotado – um pastor-belga mestiço de 50 kg – e o prejuízo se limitou a cerca de R$ 2 mil em equipamentos danificados. Poderia ter sido muito pior. O autor do crime é bastante conhecido na região; basta perguntar pela vizinhança. Já me deparei com ele em pelo menos três situações diferentes nos dias seguintes. Numa delas, encontrei-o dormindo na Avenida Trompowsky enquanto estava com a minha filha; liguei para o 190, mas fui orientado a procurar a Polícia Civil. A mesma Polícia Civil (PC) que quando tentei registrar o boletim de ocorrência, porém, descobri que o sistema da própria PC não permite anexar fotos ou vídeos como prova. Tudo absurdo. Os policiais, individualmente, são excelentes profissionais, mas o sistema como um todo revela-se disfuncional. Eu amo o Brasil, amo Florianópolis e sempre me senti acolhido aqui. Ainda assim, vejo que medidas simples de gestão e senso de responsabilidade pública poderiam elevar a qualidade de vida de todos — desabafa.
Ele aponta falhas estruturais que podem ser corrigidas.
— Sobretudo, a dificuldade em integrar denúncias e provas, Tenho me perguntado cada vez mais se Florianópolis é realmente o melhor lugar para minha família crescer. Confio pouco nas estatísticas oficiais e percebo que muitas pessoas com quem converso partilham da mesma sensação. Depois de tantos furtos nas propriedades vizinhas, minha rua acabou virando um verdadeiro emaranhado de arame farpado. Um emaranhado ao qual, a contragosto, talvez eu também tenha de acabar contribuindo — diz.
A Polícia Militar atendeu 2.602 acionamentos por diversas naturezas somente no primeiro trimestre de 2025 na região central da capital. No mesmo período, foram realizadas 137 prisões em flagrante e cumpridos diversos mandados de prisão.
Registrou-se nesse ano uma queda de 22% no total de furtos e de 25% nos furtos ao comércio em comparação ao mesmo período de 2024.
Fonte:NSC