O aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, alertou nesta quarta-feira (18) que um ataque direto dos Estados Unidos ao território iraniano resultará em "consequências sérias e irreparáveis" para os americanos, prometendo retaliação imediata. A declaração, transmitida pela TV estatal iraniana, é uma resposta direta às recentes ameaças do presidente dos EUA, Donald Trump, que exigiu a "rendição incondicional" do Irã em meio ao acirramento do conflito com Israel.
Trump, que na segunda-feira (16) deixou uma reunião do G7 para "resolver assuntos muito importantes" em Washington, elevou o tom contra o Irã, chegando a afirmar em rede social ter "o controle do céu do Irã". A possibilidade de um ataque direto dos EUA ao Irã tem sido amplamente discutida e, segundo especialistas, traria implicações globais, com o Irã já ameaçando retaliar bases americanas no Oriente Médio. Khamenei enfatizou que "aqueles que conhecem a história do Irã sabem que os iranianos não respondem bem à linguagem da ameaça", ao se referir às falas de Trump.
O conflito direto entre Irã e Israel, marcado por dezenas de ataques aéreos, entrou em seu sexto dia, acumulando mais de 240 mortos e milhares de feridos em ambos os países desde a última sexta-feira (13), conforme balanços oficiais, embora instituições independentes apontem para um número maior de vítimas. Khamenei também renovou as ameaças a Israel, afirmando que o país será punido por atacar o Irã e que "as pessoas não esquecerão" o derramamento de sangue.
Em contrapartida, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, não descartou a possibilidade de matar o aiatolá Khamenei, alegando que "isso não vai escalar o conflito, vai acabar com o conflito". Trump, por sua vez, também mencionou saber a localização do líder iraniano, afirmando que não o mataria "por enquanto", mas que sua paciência estava "se esgotando".
Mais cedo, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Esmail Baghaei, havia alertado que qualquer intervenção dos Estados Unidos no conflito poderia gerar uma "guerra total" no Oriente Médio, classificando tal ação como "extremamente imprudente, extremamente irresponsável", mas mantendo a abertura para uma solução negociada.
Os EUA, que até o momento agiram defensivamente no conflito, ajudando a interceptar mísseis contra Israel, estão enviando mais aeronaves de combate para a região, conforme autoridades americanas à Reuters. O poder militar americano poderia alterar significativamente as tensões, já que possuem bombas capazes de destruir bunkers iranianos com centros de enriquecimento de urânio.
Até o momento, o conflito totalizou 248 mortos – 224 no Irã e 24 em Israel – segundo os balanços oficiais, com o grupo Human Rights Activists estimando pelo menos 585 mortes no Irã. Nesta terça-feira (17), Israel informou ter interceptado dois mísseis iranianos, com explosões ouvidas em Tel Aviv. O Exército israelense também orientou moradores da região de Teerã a evacuarem para um ataque aéreo a instalações militares iranianas, e notícias iranianas confirmaram explosões em Teerã e Karaj. Na madrugada de terça, o Exército israelense anunciou a morte do principal comandante militar do Irã, Ali Shadmani, em um bombardeio.
