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Três anos de mandato: quais promessas de Lula o atual Governo ainda não cumpriu?
Por Administrador
Publicado em 29/12/2025 06:02
Política

 

 

 

Na reta final do terceiro ano de governo, parte das promessas de Lula feitas na campanha de 2022 avançaram em medidas legais e programas, enquanto outras frentes seguem paradas, com resultados ainda incompletos.

 

As diretrizes do plano de governo de Lula apresentadas nas Eleições de 2022 citavam, entre outros pontos, fortalecimento do SUS, retomada do Mais Médicos, ampliação da Farmácia Popular e agenda de reforma tributária

Como foi feito o balanço das promessas de Lula

O balanço considera a presença do compromisso em documentos programáticos e diretrizes apresentados na campanha de 2022, que funcionam como referência do que foi anunciado ao eleitor.

 

Os dados também foram verificados por meio de instrumentos oficiais, como leis, decretos, portarias e programas em operação, além de indicadores públicos quando há uma métrica reconhecida, como ocorre em áreas ambientais.

Reforma administrativa é principal promessa que Lula não cumpriu

O governo Lula não cumpriu a promessa da reforma administrativa. O assunto permaneceu em debate público e no Congresso, com propostas circulando, e atuação de presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB).

Em junho, Lula sancionou a lei que garante o reajuste para servidores federais e medida também inclui aumentos para cargos comissionados e funções de confiança. A medida gerou um impacto fiscal de R$ 17,9 bilhões em 2025, R$ 26,7 bilhões em 2026 e R$ 29,1 bilhões em 2027, totalizando R$ 73,7 bilhões.

governo federal precisou se posicionar sobre um possível colapso fiscal, apontado pela Oposição devido aos gastos públicos, como a despesas com servidores.

Um grupo de trabalho na Câmara dos Deputados deu os primeiros passos na discussão de um texto para a reforma administrativa, mais de dois anos após o início do governo Lula.

Entretanto, o grupo foi classificado por críticos do governo como um ‘instrumento inócuo’, criado quando não se tem intenção de resolver o assunto.

O governo Lula já reafirmou ser contrário à PEC 32, que tiraria a reforma administrativa do papel. O texto foi elaborado em 2020, no governo Bolsonaro. O governo entende que proposta foca excessivamente em corte de gastos e menos na melhoria da eficiência.

Saúde: o que avançou e o que ainda depende de execução

Entre as promessas de Lula na saúde, várias aparecem como diretrizes amplas, como fortalecer o SUS e recompor a atenção básica. São compromissos que não se encerram em uma única medida, porque dependem de financiamento, gestão e oferta de serviços ao longo do tempo.

Uma delas é o Mais Médicos, programa retomado com a contratação de profissionais em áreas com maior vulnerabilidade e dificuldade de fixação. O governo retomou a iniciativa com abertura de editais.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, posa para foto o personagem Zé Gotinha durante sanção da lei do Mais MédicosFoto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil/Reprodução/ND MaisO presidente Luiz Inácio Lula da Silva, posa para foto o personagem Zé Gotinha durante sanção da lei do Mais MédicosFoto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil/Reprodução/ND Mais

O governo também anunciou ampliação do Farmácia Popular, com gratuidade integral para itens do programa. A gestão federal incluiu novos medicamentos e implementou a distribuição de absorventes.

Fila no SUS

O governo federal não conseguiu acabar com a conhecida ‘fila no SUS’. Mesmo com um investimento inicial de R$ 600 milhões ao Programa Nacional de Redução de Filas, para cirurgias, exames e consultas especializadas, a iniciativa executou 60% das cirurgias represadas em 2023, com 648 mil cirurgias realizadas.

O Ministério da Saúde indica que o programa fez 1,1 milhão de cirurgias de fevereiro a novembro de 2024.

mas o resultado depende de adesão e capacidade de execução em estados e municípios, além de disponibilidade de equipes, leitos e rede contratada. No balanço, isso coloca a medida como avanço institucional, com desempenho que tende a variar por região — e que exige cautela ao classificar como concluída.

Economia: entre entregas legais e promessas de Lula que seguem no calendário

Na economia, a principal promessa de Lula era a isenção do imposto de renda para trabalhadores que ganham até R$ 5 mil. Quase três anos após o início do governo, o Congresso aprovou a isenção do IR.

A diretriz de revisar a tabela do imposto de renda apareceu como compromisso de campanha. O benefício será sentido pelos brasileiros no pagamento de salário de janeiro de 2026.

A reforma tributária também é uma das promessas de Lula que ainda está em implementação. Há o marco constitucional aprovado e a regulamentação em andamento, mas o próprio modelo prevê transição, com impacto distribuído por anos.

Reforma tributária não avançou no governo LulaFoto: Lula Marques/Agência Brasil/Reprodução/ND MaisReforma tributária não avançou no governo LulaFoto: Lula Marques/Agência Brasil/Reprodução/ND Mais

No caso do Novo PAC, o ponto central é que “programa lançado” não é sinônimo de “obra concluída”. A retomada de carteira de investimentos e a divulgação de execuções financeiras ajudam a demonstrar avanço, mas a entrega final depende de cronogramas físicos, licitações, medições e inaugurações. Em infraestrutura, o balanço costuma exigir a distinção entre anúncio, execução orçamentária e conclusão.

Educação: programas instituídos, execução desigual e metas ainda em construção

Na educação, várias promessas de campanha do Lula se conectam à recomposição de programas de governos anteriores e à expansão de oferta, propostas da campanha de 2022.

O programa de escola em tempo integral, por exemplo, já tem base legal e funciona por adesão e repasses, o que torna a implementação desigual entre redes e avança em ritmo diferente de município para município.

Fies Social prevê reserva mínima de vagas para baixa renda inscrita no CadÚnico e possibilidades de financiamento integral em condições específicas.

No eixo de educação profissional, uma das frentes mais associadas ao “o que Lula prometeu” para ampliar oportunidades foi a expansão da Rede Federal. O governo anunciou oficialmente, em março de 2024, 100 novos campi de Institutos Federais, com expectativa de 140 mil novas vagas, sobretudo em cursos técnicos integrados ao ensino médio.

O desenho apresentado pelo governo vinculou a expansão ao Novo PAC e detalhou o investimento total de R$ 3,9 bilhões, sendo R$ 2,5 bilhões para a construção das novas unidades e R$ 1,4 bilhão para consolidação e reformas de campi existentes (estrutura, equipamentos e melhorias físicas).

Na prática, o cronograma dessa promessa é de ciclo longo. Em 2024, o MEC informou que começou a emitir CDO (Certificados de Disponibilidade Orçamentária) para destravar licitações e viabilizar a contratação das obras dos novos campi, com planejamento de dezenas de processos licitatórios até o fim do ano.

Promessas não cumpridas por Lula: educação era tema chave para a campanha de 2022Foto: Freepik/ND MaisPromessas não cumpridas por Lula: educação era tema chave para a campanha de 2022Foto: Freepik/ND Mais

Em 2025, houve medidas de curto prazo para gerar capacidade mais rapidamente. Uma portaria do MEC transformou 30 unidades avançadas em campi, com projeção de 12 mil vagas nos próximos anos, e, em outubro, uma resolução publicada pelo governo autorizou a implantação imediata de quatro novos campi em Amapá, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Ainda assim, no balanço das promessas de Lula, o “cumpriu” nessa agenda depende menos do anúncio e mais da entrega operacional: obra concluída, equipe, cursos e funcionamento regular. Em comunicado institucional, o MEC relacionou a meta de ter campi autorizados em funcionamento até 2026, o que desloca parte da avaliação final para o último ano do mandato.

Além da rede de institutos, o governo ampliou o debate sobre expansão no ensino superior: em novembro de 2025, Lula assinou e encaminhou ao Congresso projetos para criar duas novas universidades federais, a Unind (Universidade Federal Indígena) e a UFEsporte (Universidade Federal do Esporte).

Em paralelo ao eixo de expansão, os indicadores mais recentes disponíveis para medir resultados na base da aprendizagem mostram que o país ainda tem um desafio relevante na alfabetização. Dados do Saeb 2023, divulgados pelo Inep em 2025, indicaram que 49,3% das crianças do 2º ano do ensino fundamental estavam alfabetizadas.

Os dados sugerem que mais da metade ainda não atingia o patamar esperado nessa etapa. O Inep também registrou margem de erro de 2,8 pontos percentuais para a estimativa nacional e alertou que recortes por estado podem ter precisão menor, o que exige cautela em comparações diretas.

Meio ambiente: indicador mostra tendência, mas

No meio ambiente, o PRODES/INPE (Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite) registrou queda do desmatamento na Amazônia no ciclo divulgado em 2025. Entretanto, uma meta que Lula ainda não cumpriu é o desmatamento zero, sendo um objetivo com prazo até 2023.

No ciclo divulgado em 2025, dados do PRODES de agosto de 2024 a julho de 2025, a Amazônia Legal registrou 5.796 km² de área desmatada, uma queda de 11,08% em relação ao período anterior.

O relatório técnico aponta que Mato Grosso teve aumento, de 25,06%, enquanto o Cerrado ficou em 7.235 km², representando −11,49%.

A redução, no entanto, não encerra a cobrança sobre as promessas de Lula para a área ambiental.

No PPCDAm (Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal), o próprio governo define “desmatamento zero” como a eliminação do desmatamento ilegal e a compensação da supressão legal de vegetação nativa e das emissões associadas.

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a Primeira Sessão Temática da Mesa Redonda de Líderes da COP30Foto: Ricardo Stuckert/PR/Reprodução/ND MaisPresidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a Primeira Sessão Temática da Mesa Redonda de Líderes da COP30Foto: Ricardo Stuckert/PR/Reprodução/ND Mais

O governo também passou a enfatizar financiamento e governança como parte da estratégia ambiental.

O Fundo Amazônia, administrado pelo BNDES, registrou em 2025 o maior volume anual de projetos aprovados, com mais de R$ 2 bilhões no ano, segundo o banco.

Durante a COP30, em Belém, a União Europeia confirmou um aporte de 20 milhões de euros ao fundo, formalizado no contexto da conferência, reforçando a tentativa de amarrar a agenda ambiental brasileira a instrumentos de execução e cooperação internacional.

COP30, aliás, virou um “capítulo” relevante dentro do pacote de promessas ambientais do terceiro mandato.

Encerrada em novembro de 2025, a conferência terminou com o chamado “Pacote de Belém”, descrito pelo governo como um conjunto de 29 decisões aprovadas por consenso por 195 países, com menções a temas como transição justa, adaptação, tecnologia e financiamento.

O encontro não conseguiu consolidar um roteiro global para acabar com o desmatamento e deixou de fora no texto aprovado os combustíveis fósseis.

 

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