A Polícia Civil esclareceu o procedimento adotado para investigar o suposto crime de racismo pelo goleiro Caíque, do Criciúma, no Estádio Augusto Bauer, durante a partida contra o Brusque, realizada no sábado (08), pelo Campeonato Catarinense. Em nota, o órgão de segurança pública informou que não efetuou a prisão em flagrante do torcedor envolvido e que instaurou um inquérito policial para apurar o caso.
Segundo o comunicado, publicado na manhã desta segunda-feira (10), a guarnição da Polícia Militar foi acionada no momento da ocorrência e conduziu os envolvidos à 1ª Delegacia de Polícia de Brusque, onde tanto o goleiro Caíque quanto o torcedor acusado de cometer a injúria racial prestaram depoimentos. Um Boletim de Ocorrência (BO) foi registrado pelo atleta.
Com a análise dos fatos, as provas apresentadas e a súmula da partida, a Polícia Civil decidiu por não efetuar a prisão em flagrante do torcedor do Brusque – que não teve a identidade revelada. Os depoimentos do acusado e do goleiro Caíque foram divergentes.
De acordo com a Polícia Civil, diante da contradição e da ausência de “elementos comprobatórios claros e robustos”, não houve elementos suficientes para a prisão do torcedor, e um inquérito policial foi instaurado para a apuração dos fatos.
Confira o comunicado na íntegra
ESCLARECIMENTOS SOBRE O CASO DE RACISMO
A Polícia Civil de Santa Catarina informa que, em relação aos fatos ocorridos no último dia 08 de fevereiro de 2025, durante a partida entre Brusque e Criciúma, no Estádio localizado na Avenida Lauro Müller, no município de Brusque/SC, foi instaurado um inquérito policial para apurar a suposta prática do crime de injúria racial, previsto na lei que define os crimes de racismo e preconceito.
No momento da ocorrência, a guarnição da Polícia Militar foi acionada para atender a ocorrência de injúria racial feita por um torcedor contra o goleiro da equipe do Criciúma, Caíque Luiz Santos da Purificação.
Segundo relato do jogador, ele teria sido chamado de “macaco” pelo torcedor do Brusque presente no estádio.
A guarnição conduziu os envolvidos até a Polícia Civil para melhor análise dos fatos e os devidos procedimentos.
A Polícia Civil esclarece que, após a análise preliminar dos fatos e registro do boletim de ocorrência, optou-se por não efetuar a prisão em flagrante do suspeito, uma vez que a lei prevê a necessidade de elementos probatórios claros e robustos que justifiquem essa medida de urgência.
No caso em questão, diante da divergência dos relatos e da ausência de outros elementos de provas, como a ausência de testemunhas e a própria súmula do jogo, optou-se pela instauração de um inquérito policial para a devida apuração dos fatos.
O inquérito policial foi formalmente instaurado na 1ª Delegacia de Polícia de Brusque, onde todas as provas serão analisadas, testemunhas serão ouvidas e eventuais imagens de câmeras de segurança serão requisitadas para elucidar a ocorrência.
Caso a investigação confirme a prática do crime, o suspeito será devidamente indiciado e o inquérito policial encaminhado para prosseguimento pelo Ministério Público e Poder Judiciário, podendo ser condenado a uma pena de 2 a 5 anos de prisão e multa.
A Polícia Civil reforça seu compromisso com a apuração rigorosa dos fatos, garantindo que sejam esclarecidos com isonomia e o devido respeito aos parâmetros legais.
Brusque, 10 de fevereiro de 2025.
Atenciosamente,
ODAIR ROGÉRIO SOBREIRA XAVIER
Delegado de Polícia
Titular da 1ª Delegacia de Polícia de Brusque
Entenda o caso
O goleiro Caíque, do Criciúma, alega ter sido vítima de racismo durante a partida contra o Brusque, no Estádio Augusto Bauer, no sábado (08), pelo Campeonato Catarinense.
Caíque afirma ter sido chamado de macaco por um torcedor do Brusque logo após o término da partida no Augusto Bauer. O goleiro ajudou a identificar o suposto autor da ofensa, e os envolvidos foram encaminhados à delegacia, onde o camisa 1 do Criciúma registrou Boletim de Ocorrência.
— Me chamar de frangueiro, beleza. Me chamar de macaco, eu não admito. Tenho orgulho de ser preto — afirmou o goleiro após deixar o gramado do Augusto Bauer.
Fonte:NSC