O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou uma tarifa adicional de 50% sobre as exportações brasileiras, medida que entra em vigor a partir de 1º de agosto. A decisão, segundo ele, é uma resposta ao que considera uma “perseguição política” contra Jair Bolsonaro no Brasil. O ex-presidente brasileiro, por sua vez, afirmou que não se alegra com a sanção e defendeu que a solução para o impasse está nas mãos das autoridades brasileiras, por meio de uma possível anistia aos investigados pelos atos de 8 de janeiro.
O anúncio da sobretaxa foi feito no dia 9 de julho e representa um agravamento das relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos. A medida, conforme divulgado pelo governo americano, é uma retaliação ao avanço das investigações e processos judiciais contra Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal, além de críticas do governo brasileiro a empresas de tecnologia norte-americanas.
Em entrevista concedida neste fim de semana, Bolsonaro afirmou que a punição de Trump não representa um motivo de comemoração. “Não me alegra ver sanções pessoais, ou familiares, ou ver nossos produtores, bem como o povo, sofrer com essa tarifa de 50%”, declarou. Ele ressaltou que a situação econômica poderia ser amenizada com a concessão de uma anistia aos acusados pelos atos golpistas, incluindo ele próprio, o que traria "paz para o país" e abriria caminho para reaproximação com os EUA.
Enquanto a discussão política ganha novos contornos, a medida já começa a causar impacto direto na economia. Segundo levantamento da Amcham Brasil, o estado mais afetado será São Paulo, responsável por 33,6% de todas as exportações brasileiras para os Estados Unidos em 2024, o equivalente a 13,5 bilhões de dólares. Os principais produtos exportados são aeronaves, sucos, peças industriais e produtos de engenharia.
Na sequência, os estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais também devem sentir os efeitos com mais intensidade. O Rio exporta, sobretudo, petróleo e derivados, totalizando 7,2 bilhões de dólares no ano passado, enquanto Minas é destaque na exportação de café, ferro-gusa e produtos metalúrgicos, com 4,6 bilhões de dólares.
Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina também integram a lista dos estados mais atingidos pela nova tarifa. Entre os principais produtos afetados estão celulose, tabaco, aço e máquinas industriais. No total, mais de 70% das exportações brasileiras para os EUA saem da região Sudeste, o que reforça a preocupação de empresários e governos estaduais com os impactos econômicos da medida.
A nova política tarifária de Trump reacende tensões comerciais entre os dois países e coloca pressão sobre o governo brasileiro, que agora enfrenta o desafio de buscar soluções diplomáticas e institucionais para evitar danos maiores à economia nacional.