A Justiça Federal determinou nesta quarta-feira (26) que o aplicativo de mensagens Telegram seja retirado do ar e de todas as lojas de aplicativos imediatamente no país, depois que a empresa dos russos Nikoali e Pavel Durov, sediada em Dubai, não entregou à Polícia Federal todos os dados sobre grupos neonazistas da plataforma pedidos pela corporação.
As informações são do portal G1
Segundo a Diretoria de Inteligência da PF, as empresas de telefonia Vivo, Claro, Tim e Oi e o Google a Apple, responsável pelas lojas de aplicativos Playstore e App Store vão receber o ofício sobre a suspensão do Telegram ainda na tarde destas quarta-feira (26).
O Telegram chegou a entregar parte dos dados pedidos pela PF na sexta-feira (21), após a pedir uma intervenção do judiciário, mas não todos - a PF pediu os contatos e dados dos integrantes e administradores de um grupo com conteúdo neonazista, e o Telegram não forneceu os números de telefone.
Esta é a segunda vez em que o Telegram se vê alvo de uma suspensão no Brasil - em março de 2022, o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes determinou o bloqueio imediato da plataforma no Brasil, também atendendo a um pedido da Polícia Federal..
Além de determinar a suspensão do aplicativo, a Justiça ampliou a multa aplicada ao Telegram por não entregar os dados de R$ 100 mil para R$ 1 milhão por dia de recusa em fornecer os dados.
O pedido de acesso aos dados faz parte da investigação sobre o ataque a uma escola em Aracruz, que deixou quatro mortos. A PF descobriu a interação do assassino, de 16 anos, com grupos com conteúdos antissemitas pelo Telegram.
A polícia pediu que a plataforma entregasse os dados de administradores e integrantes do grupo para apurar as conexões e se houve influência no crime em Aracruz.
“Observou a autoridade policial que o menor infrator era integrante de grupos de Telegram de compartilhamento de material de extremismo ideológico, cuja divulgação de tutoriais de assassinato, vídeos de mortes violentas, tutoriais de fabricação de artefatos explosivos, de promoção de ódio a minorias e ideais neonazistas”, diz trecho do pedido de quebra de sigilo telemático da PF.
O envolvimento de grupos extremistas em casos de violência em escolas vem sendo investigado pelo Ministério da Justiça. A apuração começou depois do caso de Aracruz.
No início de abril, Flávio Dino, determinou a investigação de células que fazem apologia ao nazismo. Em uma coletiva depois do caso de violência em uma creche em Blumenau, disse que a PF descobriu a conexão entre grupos neonazistas e adolescentes com influência para violência em escolas.