MPSC investiga suposta prática abusiva de banco após mais de 400 ligações de cobrança a cliente de Florianópolis
Por Administrador
Publicado em 08/08/2025 05:15
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O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) abriu um inquérito civil para investigar uma possível prática abusiva do Bradesco contra um cliente de Florianópolis. Segundo denúncia, o banco teria deixado de emitir um boleto de financiamento solicitado, resultando em mais de 400 ligações de cobrança ao consumidor, feitas em intervalos de poucos minutos.

O problema começou quando o cliente, ao pagar uma prestação de seu financiamento, cometeu um erro: quitou a parcela de janeiro de 2025 quando pretendia pagar a de dezembro de 2024. A partir daí, ele passou a receber ligações insistentes — supostamente vindas de empresas ligadas ao Bradesco — que, segundo ele, ocorriam a cada 15 minutos.

Em uma das chamadas atendidas, foi informado que sua parcela estava em atraso. Ao entrar em contato com o Bradesco, a instituição reconheceu a inversão de pagamentos e afirmou que emitiria um novo boleto, com a parcela de janeiro sem juros. O documento deveria ter sido enviado até 16 de janeiro deste ano, mas não chegou. Ao retornar à agência, o cliente foi informado que não seria possível emitir o boleto sem juros, e que receberia um com acréscimos — o que também não ocorreu.

O consumidor relata que tentou diversas vezes pagar o boleto original, mas não conseguiu. Nesse período, as ligações continuaram, ultrapassando 400 contatos desde 18 de dezembro de 2024. Segundo ele, as chamadas eram feitas de segunda a sábado, entre 9h e 20h, com intervalo de 15 minutos, além de mensagens por SMS e gravações em caixa postal.

Ao investigar a origem das ligações, o cliente constatou que os números não pertenciam ao Bradesco, mas a escritórios supostamente vinculados ao banco. Em buscas na internet, encontrou relatos de outros consumidores sobre possíveis cobranças irregulares relacionadas às mesmas empresas. O MPSC verificou que essas empresas acumulam elevado número de reclamações no site Reclame Aqui.

Procurado pela imprensa, o Bradesco afirmou que não comenta processos em andamento. No entanto, nos autos, declarou “não praticar ligações fraudulentas aos seus consumidores” e disse não poder responder por “supostos terceiros”. A instituição se colocou à disposição para ajustar o cronograma de pagamento e compensar o valor pago de forma antecipada.

Mesmo assim, o Ministério Público considerou que o problema não foi completamente resolvido e instaurou, no dia 4 de julho, um inquérito civil para apurar “a irregularidade consistente na impossibilidade de pagamento de parcela de financiamento e as cobranças fraudulentas realizadas por ligação telefônica”. A investigação segue em andamento.

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