Suelen Aparecida de Melo ficou paraplégica após ser atacada com golpes de faca pelo ex-companheiro, com quem teve cinco filhos e conviveu por 15 anos. O caso aconteceu há pouco mais de um ano, em Indaial, no Vale do Itajaí. Na terça-feira (15), o homem de 40 anos foi condenado a 18 anos e 11 meses de prisão por tentativa de feminicídio.
Segundo o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), o agressor não aceitava o fim do relacionamento e agiu por ciúmes. A sessão do Tribunal do Júri durou mais de 10 horas e contou com depoimento da vítima, que agora vive com limitações físicas permanentes.
“O que eu posso dizer para as mulheres que estão em relacionamentos abusivos é: se protejam. Eu tinha medida protetiva contra ele, mas acabei tirando porque ele é o pai dos meus filhos e não queria que ele ficasse manchado com isso. No fim, eu quem fiquei”, declarou Suelen após o julgamento.
Como foi o ataque
O crime aconteceu no dia 26 de fevereiro de 2024. O réu, que morava em São Paulo, foi até a casa da ex-companheira, entrou pela porta que estava aberta e iniciou as agressões. Suelen estava em casa com o filho mais velho, de 15 anos, quando foi surpreendida.
Ela foi enforcada, arrastada até a sala e esfaqueada pelo menos quatro vezes. A mãe de Suelen, que mora ao lado, tentou impedir o ataque e também foi agredida. O homem fugiu, mas foi preso ainda no mesmo dia e permaneceu detido preventivamente até o julgamento.
Após o crime, Suelen passou por cirurgias e ficou 13 dias na UTI. Quando acordou, percebeu que havia perdido os movimentos das pernas. Exames confirmaram a paraplegia. Desde então, ela vive com pensão por invalidez e conta com ajuda da família para cuidar dos filhos.
“Tudo mudou depois daquele dia. Estava em casa com meu filho mais velho de 15 anos, quando fui surpreendida por ele. Ele entrou na minha casa, me enforcou e me arrastou até a sala, quando pegou uma faca e me golpeou. Sangrei muito. Meu filho viu tudo e pedia o tempo todo para o pai dele parar com as agressões. Minha mãe, que é minha vizinha, tentou intervir, mas também foi agredida por ele”, relembra Suelen
A residência precisou ser adaptada à nova rotina, e a vítima continua morando no mesmo endereço, em Indaial.
Condenação
A promotora Patrícia Castellem Strebe, que atuou no caso, explicou que o crime foi classificado como tentativa de feminicídio, previsto no Código Penal para situações de violência contra mulheres motivadas por condição de gênero.
“O Ministério Público atuou com firmeza para que esse crime não ficasse impune. Assim como no caso de Maria da Penha, a vítima teve sua vida transformada por completo em razão da brutalidade de um homem que não aceitava o fim da relação”, destacou a promotora.
A mãe da vítima, Rosângela de Melo, acompanhou a audiência e considerou a decisão justa. “Só agradecer pela condução da audiência de hoje. Sem o Ministério Público não conseguiríamos esse resultado. A saúde plena da minha filha, não teremos de volta, mas agradeço a Deus por ela estar viva e pelo ex-companheiro dela pagar pelo crime cometido”, disse.
Fonte:SCC10